A minha vida inacabada
Muito menos começada
Feita por um espírito
Metade de mim
Ela começa e eles põem um fim
Eu que não foi eu
Eu que fui um livro
Meio meu meio de Portugal.
A vida é eu que a escrevo
Mas quem sou eu?
Sou o fantasma de mim próprio
Sou o anjo de amanhã?
Sou o morto de hoje?
Sou o fantasma de ontem?
Sou o livro que eu escrevi
Ou uma parte de mim.
Sou eu um corpo nem acabado
Nem começado
Sou o encarno de uma vida escritora
Bem vivida
Mas mal conhecida
Sou um espírito secreto
Que sabe encarar a morte
No princípio e a vida no fim.
Só um morto o pode escrever
Sem o sequer o começar
Tirar o pouco do nada da vida
Só a vida pode dar morte
Sem morte não há vida.
Pedro A.R.